quinta-feira, 23 de julho de 2009


Resenha do filme
“MEU NOME É RÁDIO”

Tratar da questão da inclusão na esfera escolar a partir da análise do filme “Meu nome é Rádio” exige que sejam revistos os conceitos e paradigmas que norteavam nossa concepção e prática cotidiana, quer se tratando da nossa vida pessoal quer se referindo a nossa vida profissional como educadores que somos.
O filme retrata a história real de um menino deficiente que ao ter creditada para si a confiança de um dos professores da escola fez com que sua vida se alterasse significativamente. O professor fez com que o menino gradativamente se unisse ao grupo de alunos da escola, desempenhando tarefas que estavam ao seu alcance, isto é, dentro das suas limitações; o que fez com que o garoto que era chamado de Rádio por todos na cidade, se sentisse confiante e aos poucos se inserisse ainda mais no contexto escolar.
O professor vai promovendo condições e situações para que Rádio se sinta parte integrante da instituição, nesse ínterim vão surgindo e tomando corpo resistências à permanência do garoto nas dependências da escola. Isso traduz a dificuldade que as pessoas consideradas normais apresentam em relação à aceitação do novo, do diferente, de tudo aquilo que exige novas posturas, desacomodação, criação de novas estruturas e de novas relações.
É possível perceber o crescimento do menino que se vendo acreditado, na interação com outros sujeitos adquiriu condições de desenvolver-se dentro das possibilidades que possuía e que até então se encontravam adormecidas, não eram estimuladas; comprovando que incluir consiste em mostrar ao outro que por mais que ele seja diferente dos padrões estabelecidos como normais, ele é importante e dentro de suas capacidades e limitações pode contribuir para que todos possam se tornar seres humanos melhores. Assim, a educação inclusiva não traz benefícios apenas ao sujeito portador de necessidades educativas especiais ou com deficiências, mas também para todos os demais indivíduos que têm a possibilidade de crescer nesta interação.
Esta é uma história real que foi transportada para o mundo da ficcção que consegue atingir o propósito de nos fazer pensar e ver que a prática de uma educação inclusiva é possível desde que se respeitem as capacidades e limitações de cada indivíduos e que não se tente massificar a sujeitos cognoscentes, exigindo que todos tenham o mesmo ritmo de aprendizagem.
A educação inclusiva deve ser pautada nas possibilidades, naquilo que cada sujeito pode vir a ser e a se desenvolver. Trata-se, pois, de realizar o ato pedagógico a partir do que podemos construir com os estudantes e não baseados nas suas deficiências e nas suas dificuldades. Esse é um dos aspectos básicos para a inclusão porque durante muito tempo todos aqueles que não apresentassem um bom rendimento, dentro das expectativas consideradas normais, eram segregados e desde já desqualificado na esfera escolar, sendo reprovado consecutivas vezes ou “empurrado” para as séries posteriores como um ato de benevolência do professor.
A prática de uma pedagogia verdadeira inclusiva requer que se reconheça e se respeite não apenas as pessoas com deficiência ou portadoras de necessidades educativas especiais, mas também aqueles grupos que se encontram em minoria em nossa sociedade, tais como os negros, os menos favorecidos economicamente, as mulheres, os homossexuais, entre outras que são segregados devido a questões de credo religioso, gênero, etnia, sexualidade, geracional, de classe social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário